Gestualidade
Tal como vimos nos estudos de Seiler (1995,2000) sobre
Lavater e os fisionomistas, a importância da linguagem não verbal chega a sua
máxima expressão na gestualidade relacionado com o gesto gráfico, tanto na
escola francesa de Michon e Crépieux-Jamin, que alguns quiseram catalogar como
escola mímica, como na gestualidade diretamente gestáltica de Klages.
Deyanira Bedolla Pereda no capítulo 8 “Efeitos fisiológicos e
psicológicos da forma” de sua tese de doutoralmente [Desenho sensorial. As
novas pautas para a inovação, especialização e personalização do produto] faz
eco da exposição gestual de L. Klages no sentido que no esquema da escrita se
refletem traços dinâmicos da conduta motriz do autor, uma vez que como a a
conduta corporal é estruturalmente semelhante às que caracterizam os estados de
ânimo correspondentes. Abundando na correlação gestual, faz também uma
referência a um estudo realizado pelo Sarah Lawrence College de onde se
solicitou a um grupo de estudantes de dança que improvisassem com a expressão
corporal estados afetivos como tristeza e força, a maioria expressam a tristeza
com lentidão e movimentos curvos mas frouxos, de escassa amplitude, com direção
indefinida ou vacilante e, ao contrário, a força foi manifestada com
velocidade, movimentos amplos, retos e tensos, com direção precisa, nítida e
para a frente.
São também interessantes as ideias que contribui María del
Mar Forment Fernandez, do Departamento de Filología Española da Universitat de
Barcelona no seu trabalho A verbalizaçõ
da gestualidade na aprendizagem da escrita e leitoescritura nesta
interrelação de expressões não verbais com a escrita, com referencias diretas à tese
doutoral de Lluís Payrató Giménez [Assaig
de dialectologia gestual. Aproximació pragmática al repertori bàsic d´emblemes
del català de Barcelena, Departamento de Filologia Catalana, Universitat de
Barcelona, 1989].
Como complemento da tese anterior, cabe também elogiar o
trabalho de Francesca A. Barrientos [Controlling
Expressive Avatar Gesture, Ph.D. Dissertation, EECS Departament, Conputer
Science Division, University of California, Berkley 202] aonde detalha a
maneira em que os programadores de interfaces informáticos descrevem as emoções
humanas através da quantificação do gesto gráfico – movimento gestual humano em
pequena escala. Barrientos afirma que se pode analisar as diferenças do
movimento gestual humano através de dimensões físicas, como são o tempo, o
espaço (são fáceis de descrever e quantificar) e aceleração, e outras dimensões
significantes, que são as da emoção. Para refletir a personalidade do sujeito
costuma utilizar-se as dimensões significantes.
O estado emocional se reflete através do movimento. Darwin
foi o primeiro que descobriu os movimentos associados à emoção, estabelecendo
relação entre emoção e expressão. Estas nascem de movimentos adaptativos cuja
finalidade é a comunicação.
Mas a expressão emocional não está somente na expressão
facial, também na de todo o corpo. Por exemplo, diante do medo o ser humano
responde com uma determinada expressão facial, mas também corporal que
poderíamos resumir em um movimento adaptável de tensão e subida de ombros.
Montepase, Goldstein e Clausen determinaram os sinais emocionais a partir do
movimento humano. Assim, o aborrecido se caracterizaria por um andar pesado e
passos largos, enquanto a felicidade com um passo rápido.
Barrientos faz
referencia a Allport e Vernon, os quais descrevem a ênfase com pressão
aumentada e áreas estreitas. Escrever é um modo particular de movimento humano,
ainda que estilizado, portanto, podemos extrair, assim, informações sobre o
estado emocional do sujeito.
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